Autora: Ruth Guimarães
Posfácio por Maria Carolina Casati
Um tal de Zé, de Ruth Guimarães, reflete o cotidiano e a cultura do interior brasileiro. Pequenas e grandes tragédias e alegrias compensadoras, simples como a vida. Os passeios, a rotina, as dificuldades, rituais de trabalho, celebrações familiares. Elementos culturais, como a geografia, o ambiente, costumes, crenças e práticas curativas, permeiam a história, criando uma atmosfera de realismo mágico onde a tradição e o afeto são os pilares da vida em comunidade. A narrativa destaca o contraste entre os sonhos de infância e as responsabilidades adultas, mostrando os desafios do amadurecimento.
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Quem é Zé, o protagonista?
A autora nos deixou esse enigma. Talvez seja o menino perspicaz e observador, cuja trajetória se cruza com a de outros moradores, em especial a de sua madrinha e mãe adotiva, Siá Ana, mulher de rara sabedoria. Talvez seja outro: o guarda-chaves da Estrada de Ferro Central do Brasil. Ou, quem sabe, uma figura múltipla, condensando tantos Zés que representam o povo humilde, com seus dramas e mistérios. Um tal de Zé é o romance final de Ruth Guimarães, inacabado, mas ainda assim um retrato vivido da intensidade de sua escrita.
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Ruth Guimarães, marcante figura literária brasileira, destacou-se como poetisa, cronista, romancista, contista e tradutora. Com uma carreira literária notável, Ruth entrou para a história como a primeira escritora negra do Brasil a alcançar projeção nacional, um feito pioneiro iniciado com a publicação de seu aclamado romance "Água Funda" em 1946. Sua obra, rica e diversificada, atravessa gêneros e formas, oferecendo um retrato vívido da cultura e da sociedade brasileiras através de uma voz autêntica e inovadora. Ruth Guimarães permanece uma figura inspiradora na literatura brasileira, cujo legado e contribuições continuam a influenciar gerações.